Editorial
Jornalismo para quem escolhe ver
Uma edição que veio para incomodar – é assim que nós, estudantes e professoras dos cursos de Comunicação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), definimos o segundo número do COMverso. Não é um slogan publicitário, é um aviso – porque incomodar é necessário quando se escolhe dar voz a quem costuma ser silenciado.
O tema desta edição – (In)visibilizados – é, ao mesmo tempo, um diagnóstico e um desafio. Diagnóstico, pois reconhece que há grupos e realidades sistematicamente marginalizados, ocultados pelos discursos oficiais, ignorados nas manchetes ou tratados de forma simplista e rasa. Desafio, visto que exige de nós o compromisso de olhar para o que geralmente se escolhe não ver, e contar essas histórias com cuidado, rigor ético e empatia.
Os textos que você vai ler aqui – 3 grandes reportagens e 4 reportagens – são fruto de um semestre de trabalho coletivo. Elas foram produzidas por alunos e alunas do 3º, 4º e 5º semestres de Jornalismo, na disciplina de Projeto Integrador – com a turma de Reportagem Jornalística e a de Técnicas de Reportagem e Apuração Jornalística, ambas ministradas pela professora Camila Hartmann. Já os materiais multimídia que fazem o COMverso ganharam forma na disciplina de Produção para Jornalismo Multimídia, conduzida pela professora Cristiane Lindemann; são eles: um podcast com 3 episódios, 3 fotorreportagens e outras 3 micro reportagens, além de publicações que estão no perfil do Instagram do projeto (@comverso.unisc_).
A identidade visual do projeto COMverso, bem como a específica desta edição, foi (re)pensada através do trabalho dos estudantes de Criação Publicitária, com orientação do professor Rudinei Kopp. O processo de configuração do site, por sua vez, contou com o auxílio do professor Erion Lara.
Outros alunos e egressos dos cursos de Comunicação da Unisc produziram as ilustrações que estampam as sete reportagens da publicação.
Neste número, abordamos pautas difíceis e complexas que têm lugar no Vale do Rio Pardo. São assuntos locais, mas que falam de desigualdades muito maiores. As reportagens da revista digital denunciam realidades – que não se querem mais – obscuras: violência obstétrica, intolerância religiosa, invisibilidade de pessoas negras em cidades de colonização germânica, transtornos das obras da RSC-287 a uma população que fica à margem do progresso, o caminho difícil do Ensino Médio para o Ensino Superior, os impactos da instabilidade climática na agricultura e a superlotação do Centro de Bem-Estar Animal de Santa Cruz do Sul.
O COMverso enquanto produto confere a seus realizadores, a cada ano, infinitas possibilidades. Como diz o nome, a proposta é abordar o universo da comunicação. Ser espaço para experimentação e prática de um jornalismo atento aos problemas contemporâneos e responsável com seus públicos. Mais do que um produto multimídia digital, o COMverso é um projeto pedagógico vivo. Ele existe para formar repórteres e comunicadores críticos, criativos e socialmente engajados. Profissionais capazes de construir narrativas que respeitem as complexidades do mundo real.
Se a primeira edição foi celebrativa, esta pode se dizer mertiolate, que arde e coloca o dedo nas feridas – mas as que abordamos aqui precisam de muito mais do que alguns curativos para serem totalmente curadas. Escolhemos o tema (In)visibilizados porque acreditamos que o jornalismo tem a obrigação de iluminar o que está nas sombras – e, com isso, provocar reflexão, diálogo e transformação.
Esta publicação é nosso convite para você também escolher ver. Ler com atenção. Pensar junto. E, quem sabe, agir.
Profa. Dra. Camila Hartmann, em nome da equipe editorial do COMverso
Julho/2025
Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc)